Deambulaia
A DEAMBULAIA de André Gigante é um convite à viagem.
por Rui Massena link
Esta Estrada é um lugar de impulsos texturais, imperfeitos, plenos de profundidade e desafio ao lugar parado. Neste diagrama de movimentos infinitos, quase que se grita, num mundo afogado em leituras apressadas, pela autonomia da interpretação. Sem paternalismos definidos ou pedagogias concretas, a expressão visual do autor obriga-nos à nossa interpretação, num obrigatório momento de paragem para transpor essa linha do horizonte cromático. Gosto de olhar estes gestos como movimentos perpétuos, não geométricos com uma forma caprichosa, disponíveis para a cada momento dos nossos dias serem uma qualquer outra realidade. O ritmo das texturas faz-me pensar haver em Gigante uma intensidade que precisa de sair cá para fora, muito à semelhança da intensidade de um universo Wagneriano misturado com uma delicada mas fogosa linha melódica de Puccini. Para cada obra encontro uma nova pulsação, um ritmo diferente. Propostas de novas sonoridades que nos estimulam novos diálogos, novas danças. Mas não nos enganemos... o silêncio aparece aqui descrito com grande mestria. Quando por oposição o gesto minimal ocupa a tela, percebemos que vinte notas podem ter o mesmo peso do que uma, assim seja a única possível naquele lugar. O silêncio também tem música.
Procurar aqui um significado é aumentar o nosso mundo imaginário. É igualmente um ato de criação. Se vale a pena porque o que nos mobiliza vale sempre a pena, então este gesto criador de sonoridades talvez tenha encontrado aqui um mundo novo - O nosso.
Vá, Deambulaiam por aí!
André Gigante’s DEAMBULAIA is an invitation to a journey.
by Rui Massena link
This Road is a place of imperfect textural impulses, full of depth, a challenge to stillness. In this diagram of infinite motion, in a world drowned in rushed readings, one almost shouts for the autonomy of interpretation. Without defined paternalisms or concrete pedagogies, the author’s visual expression forces our own interpretation, a mandatory time out moment in order to transpose the line of the chromatic horizon. I like seeing these gestures as perpetual, non-geometric movements with capricious shapes, that in any given moment of the day are ready to take us to another reality. The rhythm of these textures makes me think that, in Gigante, there’s an intensity that needs to come out, much like the intensity of a Wagnerian universe mixed with a delicate but fiery melodic line of Puccini. In each work a new pulse, a different rhythm. Proposals for new sounds that stimulate new dialogues, new dances. But make no mistake... silence is described here with great mastery. When by contrast the minimal gesture occupies the canvas, we realize that twenty notes can have the same weight as a single one, so to be the only one possible there. Silence also has music.
To seek meaning here is to increase our imaginary world. It is also an act of creation. If it’s worth it, because what mobilizes us is always worth it, then this sound creating gesture may have found a new world here - ours.
Now go, 'deambulate', wander around!